quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Ribeirão Branco de luto: Morre Orlando Glauser, um dos grandes personagens da história do município.
Faleceu, no ultimo dia 04 de setembro, aos 72 anos de idade, no Hospital Beneficência Portuguesa, na capital paulista, o agricultor e agropecuarista, Orlando Glauser, de tradicional família ribeirão-branquense. Residia no bairro Caçador. Casado com Clarisse Rodrigues Glauser deixa seis filhos: Joseli Rodrigues Glauser, Luis Claudio Rodrigues Glauser, Laís Rodrigues Glauser, Orlando Glauser Junior (falecido), Patrícia de Fátima Rodrigues Glauser e Reginaldo Rodrigues Glauser. Sendo avô de dezesseis netos e dois bisnetos. Vitimado por um tipo raro de câncer, que se alastrou pelo seu organismo de forma rápida e fulminante, a notícia de sua morte sensibilizou a população de Ribeirão Branco que compareceu em massa durante todo o dia na Câmara Municipal daquela localidade em que foi velado. O sepultamento deu-se na vizinha cidade de Itapeva. Inúmeros veículos acompanharam o cortejo para o último adeus.
IN MEMORIAM – HOMENAGEM PÓSTUMA
São muitas as histórias do velho guerreiro e elas são contadas por lábios suaves. Orlando, como o chamavam, foi filho de Frederico Glauser Junior e Isalina Almeida Machado Nasceu no dia 27-05-1937, no Bairro Caçador. Estudou na Escola Rural do Bairro Caçador e no grupo escolar de Itapeva, Acácio Piedade. Aos 14 anos trabalhou na lavoura junto com seu pai. Aos 21, casou-se com Clarisse, aos 25 anos era motorista; em 1970 trabalhava por conta própria transportando para São Paulo sua própria lavoura, dedicando-se principalmente ao cultivo de tomate, feijão, milho e cebola. Trabalhando sempre arduamente por décadas a família ajudou a alavancar a economia do município.
Orlando ainda se dedicou a uma de suas grandes paixões que era a política, assim sendo, foi vereador de Ribeirão Branco pela Aliança Renovadora Nacional- ARENA- com 117 votos para o quatriênio 1977-1981, com prorrogação nacional de dois anos. Em 1982, reelegeu-se vereador pelo Partido Democrático Brasileiro-PDS- com 217 votos. Sempre disposto a ajudar as pessoas que o procuravam, esteve sempre presente em grandes acontecimentos da região. Atuou ativamente na concretização de grandes obras, na época, tais como o esperado asfalto que liga Ribeirão Branco à Itapeva.
De natureza desprendida, não hesitou em doar seu terreno no centro do bairro em que morava para que ali fosse edificada uma Igreja, de Santa Rita de Cássia. Batalhou pela implantação da energia elétrica do Bairro Caçador, Bairro Varginha e Bairro dos Boavas, dentre outros. Enquanto teve saúde, fazia questão ele mesmo de pessoalmente acompanhar a “patrola” nas estradas dos bairros, abrindo estradas e aplainando as curvas, construindo “aterros”, arrumando campos de futebol nos bairros (era Corinthiano da gema), participando ativamente na promoção de torneios, nas festas da igreja, fazendo questão de sempre doar uma boa “prenda”, para que fosse rifada. Homem de fé, devoto de Nossa Senhora de Aparecida, passou pela vida marcando cada página com sua sabedoria, sua honestidade, integridade, honra, caráter, bondade, carisma, sua alegria e vontade de viver.
Orlando sempre foi um guerreiro, nunca desanimou ou se deixou abater pelos percalços que a vida lhe impôs. Enfrentou dias de chuva, de sol, passou noites sem dormir, suportou o cansaço, as decepções, as angustias e perdas, sempre de cabeça erguida sem nunca esmorecer. Conseguiu agindo assim inúmeras benções, conquistou inúmeros amigos, companheiros de toda sua vida. Todos confirmam que, Orlando, com seu enorme coração, foi pai de muitos, padrinho de tantos, tio e avô. Com seu enorme carisma, sempre de sorriso aberto e amoroso, sua voz grave parecia atrair como imã as crianças de qualquer idade, que lhes davam os bracinhos e pediam colo, passando a mão no rosto dele, enquanto que o gigante encantado conversava com tamanha seriedade com elas. Seu jeito simples, mas sábio de ser, trazia em torno de si uma energia positiva. Homem que viveu adiante de seu tempo, mas sempre com os pés no chão, sua visão do mundo geralmente surpreendia.
Viveu sempre no seu pequeno “paraíso”, no Bairro Caçador. Acordava pela manhã e ia ao curral, chamando o gado cada um por seu nome Bebia leite puro, com café forte. Comia verdura e legumes da própria horta ou de suas plantações. Respirava o ar puro da fazenda, onde adorava reunir seus familiares, filhos, netos e amigos pra grandes almoços ou churrasco.
Um grande homem, um gigante que amava a vida e lutou dignamente até o fim. Nem mesmo a amputação da perna esquerda, no dia 10 de outubro de 2008, o abateu. Aos 71 anos de idade, com vontade de andar feito criança que ensaia os primeiros passos, Orlando Glauser batalhou dia a dia pela recuperação. Fez fisioterapia e treinou incansavelmente com o “andador” até a esperada chegada da prótese. Nunca desanimou, em poucos meses esse grande homem batalhador, cheio de coragem e força de vontade extraordinária, tornou a andar por conta própria e voltou a dirigir.
Mas, destinos são traçados, vidas que vem e que vão. Orlando foi surpreendido pelo frio do mês de Julho último sentindo uma estranha dor nas costas que foi diagnosticada, inicialmente, como pneumonia. Os dias se passaram e a dor foi aumentando chamando a atenção dos médicos que se aprofundaram e descobriram que aquela dor, na verdade, era uma “Insuficiência Respiratória Aguda”, Neoplasia de Pulmão, (M. S). Orlando foi então encaminhado para o Hospital Beneficência Portuguesa, na cidade de São Paulo, onde o quadro da doença evoluiu rapidamente. Apesar de todos os esforços, de todos os exames, os remédios e a junta médica que o acompanhou, as orações que recebia da esposa, dos filhos, netos, familiares, amigos, conhecidos, não resistiu e faleceu. O velho guerreiro, lutador, o homem que amava a vida, deu seu ultimo suspiro na noite de sexta-feira, dia 04 de setembro por volta das 20h00min.
A Câmara Municipal de Ribeirão Branco prestou sua homenagem recebendo o corpo de Orlando no salão nobre para a ultima despedida. Familiares e inúmeros amigos de todas as partes da região fizeram questão de comparecer e seguir o cortejo fúnebre até o cemitério de Itapeva onde descansam seus pais, irmãs e filho. Lá, mais amigos, afilhados, compadres e médicos estavam à espera do corpo para o ultimo adeus. Orlando Glauser, marido amado, pai adorado, avô e bisavô maravilhoso, você deixou saudades eternas no coração dos seus.
A família Glauser, agradece as pessoas que compareceram para dar um abraço amigo nesta hora tão difícil e o espaço cedido pelo jornal para prestar essa ultima homenagem ao homem de fé, amante da vida, lutador e amigo: Orlando Glauser.
Essa é apenas um pouco da história do MEU PAI, maior homem e guerreiro que conheci e que me deu a honra de falecer segurando em minha mão.
Pai, sempre irei te amar!
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