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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Dois passos.

Caminhando nas ruelas noturnas, luzes amarelas, neblina baixa, lá vem ela cabisbaixa. 
O som dos seus passos ecoam no vazio e ela ouve o bater do seu próprio coração, sua respiração lenta... prova, de, que, seus pensamentos estão vagueando por seu passado, sua vida.
O vento gélido, sopra os cabelos longos, negros, soltos que brincam em sua face de pele alva, contraste perfeito com seus lábios vermelhos. O vestido esbarra em seus pés, dançam sobre o perfeito corpo de mulher... 
Passos!
Apesar de seu estado de nostalgia, seus ouvidos identificam o som de passos lentos, porém firmes em sua direção e no fundo da neblina ela vê um vulto masculino que começa a se destacar.
Percebe num instante que esta só, numa ruela mal iluminada e prende a respiração por segundos...

Um delicado corpo feminino, pequenino e frágil surge em meio a neblina. A graciosidade do andar chama sua atenção, os cabelos negros brigam com o vento, o som dos sapatos batem no chão na mesma definição e compasso que o seu coração.
Seus olhos negros, perspicazes, tentam decifrar o rosto do belo corpo.
Dois passos.
Ela mantinha a cabeça baixa, olhando as mãos soltas ao corpo... "Levanta a cabeça"... Por certo, falou, pois o rosto angelical o encarou.
Ele parou, a dois passos, congelando seu corpo, queimando suas veias, estarrecido com tamanha beleza. A pele alva, compunha um conjunto perfeito, um rosto oval, nariz arrebitado, encrenqueiro...  sorriu ao pensar na hipótese, as maçãs do rosto coradas, a boca vermelha, os olhos o confundiam... ou negros, ou verdes, sob cílios longos e negros. Linda!

Parada a dois passos do homem, sentia medo, frio, calor, arrepios... Mas, como não observa-lo?
Envolto numa capa negra, ela pouco podia ver... Sim, era alto, ombros largos, magro, pele morena, mãos enormes. Um rosto distinto, mas um olhar aterrizador, olhos negros, lábios finos e firmes, queixo quadrado impunha arrogância, assim como a testa e o nariz reto.
Ande!
Ela ordenava a si mesma sem mérito algum, forças que ela desconhecia, faziam-na ficar parada, inerte diante do estranho a olha-la com um leve sorriso nos lábios.

Ele podia sentir o medo naquele olhar confuso, via os lábios trêmulos e não entendia por que ela continua parada, via em todas as mensagens do corpo dela a vontade de sair em disparada... Mas, ele também não conseguia sair do lugar, seu corpo não respondia aos comandos do cérebro  ou seria o contrário?
Toda aquela neblina a envolve-los... parecia tão normal, ficar ali parado em frente aquela estranha. Relaxou os músculos que o fizeram ficar tenso e com um levantar de sobrancelhas, percebeu que a estranha também relaxava.

O estranho era achar normal estar parada diante do homem, como se observasse um quadro num museu... E um lindo quadro!
Percebeu ele arquear as sobrancelhas... grossas, negras e bem delineadas para um homem.
Sim, era absurdo, mas ela estava encantada com o estranho a sua frente.
Seria um sonho?
Ela acordaria em poucos minutos?

... 




Eis uma menina-mulher, em busca de seu amor!

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